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Casa da Sustentabilidade

O projeto desenvolvido nesta proposta para a Casa da Sustentabilidade busca integrar os habitantes da Região Metropolitana de Campinas com as possíveis soluções para criação de uma comunidade ecologicamente correta e socialmente justa, incorporando na cultura local hábitos para preservação da natureza e aumento da qualidade de vida da população. O edifício funciona como uma grande exposição permanente de técnicas sustentáveis, sendo o próprio edifício um laboratório para pesquisa de iniciativas de última geração, assim como técnicas vernáculares. 

A intervenção busca o uso sustentável do território do Parque Taquaral. O edifício está implantado em uma área aberta, para não interferir na vegetação existente e praticamente plana, exigindo poucas ações de terraplanagem. A conservação de todas as espécies encontradas no local é de extrema importância, destinando-se 52% da área de intervenção para conservação da biodiversidade local, pois as áreas verdes são fundamentais para mitigar os impactos ambientais e aumentar a integração social da população. A área de intervenção possui 90% de áreas permeáveis, pois o pavimento externo é capaz de drenar as águas pluviais.

No acesso principal, é proposta a criação da Praça das Andorinhas, situada ao lado de um fragmento de mata natural, onde os transeuntes contemplam a natureza e desfrutam de um agradável ambiente com atividades disponibilizadas pelo centro de exposições. A ciclovia penetra no parque, se liga com a existente, incentivando a utilização de transporte de baixo impacto e o acesso para serviços é uma via na parte superior do terreno. A horta comunitária está localizada próxima ao edifício, possibilitando cobertura se necessário. O projeto não excede a área de intervenção e o gabarito de altura da região. A Casa da Sustentabilidade está dividida em quatro volumes, sendo o primeiro destinado aos serviços e ao Comdema e o segundo ao auditório Antônio da Costa Santos e suas dependências. O terceiro é a Livraria Guilherme de Almeida, integrada com espaço para palestras e atividades. O quarto é a área de Exposições Carlos Gomes, possuindo um café em anexo. O edifício está distribuído em dois pavimentos e a cobertura verde, que é parcialmente acessível, possibilita a contemplação das atividades realizadas no parque. Os espaços levam nome de personalidades campineiras, aumentando o conhecimento da população sobre a cultura local. 

A volumetria do edifício busca proteger os ambientes internos da insolação, com a fachada norte coberta por um brise-soleil que impede a entrada do excesso de luz na área destinada ao Comdema. Por outra parte, a fachada sul que recebe o mínimo de insolação matutino, possui um grande pano de vidro e deixa que a iluminação natural penetre no interior da área de exposições. Na fachada oeste, trabalha-se com empenas cegas de recobrimento vegetal, ajudando no condicionamento térmico dos ambientes internos. Além de um painel de cobogó no foyer e na área de exposições que criam espaços diferenciados pela iluminação. O átrio central da Praça das Andorinhas orienta-se no eixo Leste-Oeste criando um vazio que permeia o edifício e gera uma área coberta ventilada naturalmente. Considerando que o conceito de baixo impacto ambiental é aplicado ao Parque do Taquaral como um todo, não podemos discutir contaminação ambiental sem falar da despoluição da própria lagoa. Portanto propõe-se uma técnica que utiliza jardins aquáticos flutuantes capazes de filtrar os poluentes existentes. É necessário um reator para adicionar oxigênio à agua e a introdução de uma bactéria que se alimenta dos poluentes.

Tecnologias utilizadas
A Casa da Sustentabilidade foi concebida buscando o menor impacto ambiental possível, pois o projeto tem um papel fundamental na preservação dos sistemas naturais da região. O projeto procura utilizar as tecnologias disponíveis em um raio de até 200 km de extensão, incentivando o uso de tecnologias locais. 

1 - Água e esgoto: O sistema busca reaproveitar a água pluvial que cai sobre a cobertura para utiliza-la nos serviços gerais do centro de exposições, sendo 79% da água utilizada no edifício proveniente deste processo. As águas cinza e negra geradas no centro de exposições são encaminhadas por gravidade para a estação localizada ao lado, onde através de um processo que utiliza plantas semiaquáticas, são tratadas e posteriormente a água é devolvida livre de poluentes à natureza. 

Sanitário Seco: É proposto o uso de dois vasos sanitários secos, um masculino e outro feminino, que não utilizam água para descarga. Abaixo do vaso sanitário existe um compartimento de armazenamento, onde as substancias ficam protegidas da propagação de bactérias e mal cheiro. Posteriormente é necessário a retirada do composto orgânico, para ser transportado à um centro de compostagem, localizado próximo ao edifício, onde sofrerá o processo de decomposição natural. 

2 - Energia: É proposto o uso de energias renováveis, como a utilização de placas solares, que estão localizadas na cobertura, buscando reduzir do consumo energético do edifício em até 28%. 

3 - Condicionamento térmico: A ventilação é totalmente mecânica, sendo formada por grandes ventiladores que extraem o ar fresco presente na lagoa, fazendo-o percorrer uma tubulação até o interior do edifício, o que ajuda a manter a temperatura dentro da média de conforto que é em torno de 23 graus. Importante destacar que o consumo de energia do edifício é baixo, pois não utiliza ar condicionado, o que poderia elevar os gastos com energia em até 5 vezes. O uso de isolamento térmico, bem como de fachada e cobertura verde, contribuem para a redução do aquecimento interno do edifício. 

4 - Estrutura e materiais: Os materiais utilizados possuem alto nível de sustentabilidade. O edifício é proposto com sistema construtivo woodframe, que utiliza perfis de madeira certificada proveniente de reflorestamento. É uma tecnologia existente no estado de São Paulo, de baixo impacto pois é gerada de forma orgânica e com alto desempenho, possibilitando uma obra limpa, duradoura e com pouca manutenção. Na cobertura principal utiliza-se perfis naturais de eucalipto para pilares e treliças, criando uma estrutura independente dos outros volumes. O revestimento externo é feito com perfis de madeira plástica, que é uma espécie de resina gerada com a reutilização de materiais descartáveis, e dando a impressão de madeira natural. No muro de adobe, que é uma técnica vernácular, se utilizam tijolos feitos de terra, que secam ao sol, diminuindo o impacto ambiental, pois não utilizam forno para secagem. O piso inferior é feito com pedras portuguesas, sendo uma referência às calçadas do centro campineiro.

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Bruno Percico Arquiteto

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